Benefícios da irradiação de alimentos
Segurança alimentar: A irradiação pode eliminar patógenos alimentares perigosos, como Salmonella e Escherichia coli, reduzindo o risco de doenças transmitidas por alimentos.
Conservação: Aumenta a vida útil dos alimentos ao retardar a deterioração e o amadurecimento, o que é especialmente útil para exportações e distribuição a longas distâncias.
Redução de perdas: Pode reduzir o desperdício de alimentos, controlando pragas em grãos e especiarias e prevenindo a germinação de tubérculos, como batatas e cebolas.
Qualidade do produto: Mantém a qualidade nutricional e sensorial dos alimentos, uma vez que a irradiação não utiliza calor, preservando a textura, o sabor e o valor nutricional.
Mitos e Realidades
Mito: Alimentos irradiados se tornam radioativos.
Realidade: A irradiação não torna os alimentos radioativos; ela utiliza radiação para eliminar microrganismos sem deixar resíduos.
Mito: A irradiação destrói nutrientes essenciais.
Realidade: A perda de nutrientes em alimentos irradiados é comparável à perda que ocorre em outros métodos de conservação, como pasteurização e congelamento.
Aplicações comuns
Frutas e vegetais: Para retardar a maturação.
Carnes, peixes e frutos do mar: Para eliminar a carga microbiana patogênica.
Grãos e especiarias: Para controlar pragas e insetos.
Batatas e cebolas: Para inibir a germinação.
Alimentos preparados para hospitais e missões espaciais: Devido à necessidade de alta segurança alimentar e vida útil prolongada.
Regulamentação e aceitação
No Brasil, a irradiação de alimentos é regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A legislação autoriza o uso da irradiação para uma ampla gama de alimentos, desde que cumpram os critérios de segurança estabelecidos.
Legislação brasileira sobre irradiação de alimentos
Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001: Esta resolução da ANVISA regulamenta o uso de radiações ionizantes em alimentos, estabelecendo os requisitos gerais e específicos para a aplicação da tecnologia. A resolução determina:
Os tipos de alimentos que podem ser irradiados.
As doses máximas permitidas para diferentes tipos de alimentos.
A rotulagem obrigatória dos alimentos irradiados, incluindo a indicação "Alimento Irradiado" e o símbolo internacional da irradiação (Radura).
Instrução Normativa Conjunta ANVISA/MAPA nº 9, de 12 de novembro de 2021: Estabelece os procedimentos de controle e fiscalização dos alimentos irradiados e os requisitos para as instalações que realizam a irradiação. Essa normativa reforça a necessidade de registro e aprovação das instalações irradiadoras e dos procedimentos operacionais, garantindo que sejam seguidos os protocolos de segurança e eficácia.
Portaria SVS/MS nº 40, de 21 de janeiro de 1995: Define os princípios gerais de boas práticas de fabricação para o uso de radiação ionizante na conservação de alimentos, incluindo requisitos para controle de qualidade e proteção radiológica.
Aspectos importantes da legislação
Tipos de alimentos permitidos: A legislação brasileira permite a irradiação de diversos tipos de alimentos, incluindo frutas, legumes, cereais, especiarias, carnes, pescados e produtos lácteos, desde que as doses aplicadas sejam seguras e eficazes para o propósito desejado (como descontaminação, controle de pragas ou inibição de germinação).
Doses de irradiação: São estabelecidas doses específicas para cada tipo de alimento, dependendo do objetivo da irradiação. Por exemplo, a dose para inibir a germinação de tubérculos é diferente da dose para esterilização de carnes.
Rotulagem e informação ao consumidor: Todos os alimentos irradiados devem ser rotulados adequadamente para informar o consumidor de que o alimento passou pelo processo de irradiação.
Desafios e considerações
Custo: A instalação e manutenção de equipamentos de irradiação podem ser caras, especialmente para pequenos produtores.
Aceitação do consumidor: Há uma certa resistência devido à falta de informação ou medo de radiação, exigindo campanhas educativas para aumentar a aceitação.
Ao conhecer o processo de irradiação, a principal preocupação dos consumidores é se os alimentos podem se tornar radioativos. No entanto, isso não acontece, pois a radiação utilizada é insuficiente para induzir radioatividade nos alimentos, assim como pessoas que fazem exames de raios X não se tornam radioativas.
Como funciona o mecanismo de irradiação
Fonte de radiação:
Raios gama: Provenientes de isótopos radioativos como cobalto-60 ou césio-137. Os raios gama possuem alta energia e grande poder de penetração, sendo capazes de atravessar os alimentos e atingir microrganismos em seu interior.
Raios X: Gerados por máquinas de raios X que aceleram elétrons para produzir radiação com grande poder de penetração.
Feixes de elétrons: Usam eletricidade para gerar um feixe de elétrons acelerados que têm menor poder de penetração comparado aos raios gama e raios X, sendo mais adequado para produtos de menor espessura.
Interação com alimentos:
A radiação ionizante penetra no alimento e interage com suas moléculas, especialmente com o DNA de microrganismos, insetos e parasitas, causando danos que impedem sua reprodução e atividade metabólica.
A irradiação também pode quebrar as ligações moleculares em alguns componentes alimentares, retardando processos como a maturação e a germinação, sem afetar significativamente a qualidade nutricional ou sensorial dos alimentos.
Doses de radiação:
As doses de irradiação são geralmente expressas em kGy que significa “quilo Gray”.
Baixas doses (até 1 kGy): Utilizadas para inibir a germinação de tubérculos, desinfestar grãos e especiarias de insetos, ovos e larvas.
Doses moderadas (1 a 10 kGy): Usadas para reduzir a carga microbiana e parasitária em carnes, frutos do mar e vegetais.
Altas doses (>10 kGy): Empregadas para a esterilização completa de alimentos, como refeições prontas para hospitais ou missões espaciais, onde a total eliminação de microrganismos é crucial.
Controle do processo:
Os alimentos são colocados em câmaras de irradiação ou esteiras rolantes que passam pela fonte de radiação. A dose de radiação e o tempo de exposição são rigorosamente controlados para garantir a eficácia do tratamento sem comprometer a segurança ou a qualidade do alimento.
O processo não utiliza calor, preservando a textura, o sabor e o valor nutricional dos alimentos, ao contrário de métodos térmicos convencionais.
Radura
A Radura é o símbolo internacional de irradiação de alimentos. Consiste em uma imagem estilizada que combina uma planta dentro de um círculo, simbolizando a natureza e os alimentos, com uma parte superior formada por pétalas ou ondas que representam a radiação. O símbolo é usado para indicar que o alimento foi submetido ao processo de irradiação.

A Radura geralmente é verde e branca, mas também pode ser encontrada em outras cores, dependendo das regulamentações locais e das preferências dos fabricantes.
Este símbolo é obrigatório na rotulagem de alimentos irradiados em muitos países, incluindo o Brasil, para informar os consumidores de que o alimento passou por esse processo.
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